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A DOR QUE NOS FORTALECE

Por: Bruno Zuccoli

Se me dissessem há quatro anos atrás que o Palmeiras brigaria pelo título em todas as competições que entrou no ano, eu já perguntaria: em que mundo essa pessoa está?Quando eu vejo palmeirenses xingando aos montes um time que sai em uma semifinal de Libertadores por um dos maiores times da Argentina, realmente não entendo. Quer dizer, entendo criticar a postura do time, principalmente na primeira partida lá na Bombonera, e eu também critico. Mas, o que o time vem fazendo neste ano é sim, para ficar de cabeça erguida.

O Palmeiras do Roger tinha, às vezes, reflexos de um time mais moderno, que valoriza a posse de bola. Contudo, era um time muito oscilante, o qual podia ganhar do Boca em plena Bombonera, como também podia perder para o Sport dentro do Allianz. Com a chegada do Felipão, o time ganhou o que precisava: consistência. Admito que fui um crítico quando o nome de Scolari foi anunciado, mas o pentacampeão me fez morder a língua. O Palmeiras chegou em uma semifinal de Libertadores depois de 17 anos e vem fazendo um segundo turno tão avassalador no Brasileirão que conseguiu ir da sexta posição – na chegada de Felipão – para a primeira, isolado. Este desempenho no segundo turno está quase desbancando o aproveitamento do primeiro turno do Corinthians do ano passado, que é o recorde dos pontos corridos com 82,5% de aproveitamento. E também, está quase igualando o recorde de série invicta nos pontos corridos: está com 17 jogos de invencibilidade e o recorde também pertence ao Corinthians do ano passado com 19 jogos.   

E pensar que a quantidade de semanas vazias que o Felipão teve para treinar o time dá para contar nos dedos de uma só mão. Com o título brasileiro ficando cada vez mais palpável, não dá para negar que o ano foi sim, positivo. A obsessão pela Libertadores sempre vai existir; a eliminação nos mata-matas faz parte do futebol. Mas tem uma coisa que o Palmeiras conseguiu resgatar: sempre ser protagonista. Confirmamos nossa ida para a próxima Libertadores, totalizando quatro classificações seguidas para o torneio continental. Isso não acontecia nem na era Parmalat. Acredito que isto é o mais essencial nesse novo Verdão que ressurgiu com a volta para a série A e a chegada da Crefisa. Um time que tem uma gestão séria, que prioriza o clube ao invés de querer marcar história com uma contratação que compromete as finanças do clube. Óbvio que existem questões que podem e devem melhorar, como a questão do bloqueio da Rua Palestra Itália em dia de jogo e o preço absurdo dos ingressos, só para citar dois exemplos. Falando sobre a forma de jogar do time, para o ano que vem é necessário não uma reformulação de estilo do Felipão – porque isso não vai mudar – mas de um repertório tático mais vasto. O time tem muita pouca variação de jogo para as mudanças que acontecem na partida. Não que o time fique previsível, mas tem pouco poder de surpreender o adversário. Contudo, acredito que este é o caso por, justamente, o Felipão ter tão pouco tempo para trabalhar essas questões com o time. O técnico já mostrou que sabe a força que o elenco tem com o rodizio que promove. A perspectiva no futuro de mais tempo para trabalhar essas questões só me faz mais otimista para o futuro. E é preciso ser otimista, mas sempre crítico. Com o elenco que tem, o Palmeiras precisa se impor e sempre brigar pelo protagonismo.

Por essas razões, penso que ficamos tão calejados com péssimos desempenhos em anos anteriores, que agora quando somos eliminados em fases avançadas de copa ou ficamos perto da primeira posição nos campeonatos, temos o impulso de ficar furiosos. Sem querer desmerecer a frustração, mas sabemos que é muito melhor brigar pelo título do que brigar para se salvar do rebaixamento. As eliminações que sofremos este ano só nos fazem mais preparados para o ano que vem.

FORZA PALESTRA

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